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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Os Calos nos Cotovelos dos Cães





Quem não gosta de descansar? Quando o cão deita, o peso ele fica sustentado por alguns poucos ossos — aqueles sobre os quais o corpo está apoiado. Quanto mais pesado for o cão e duro for o piso, mais a pele terá de arcar com conseqüências, se não houver uma espessa pelagem para protegê-la. Espremida entre um osso que a empurra com uma pressão de muitos quilos e uma superfície dura (como um piso de cerâmica ou de cimento), sofre danos.

 Eles serão ainda maiores se a superfície for também áspera (pisos de cimento com acabamento rústico), resultando em fricção. Quanto mais freqüentes esses desgastes e mais prolongados os períodos, maior a reação. O resultado de tanta agressão fica mais evidente a cada dia. Chama-se calo.

As zonas do corpo em que os calos mais aparecem são os cotovelos, calcanhares, a lateral das pernas, joelhos, partes do peito e da bacia, principalmente a partir dos 2 anos de idade, quando o cão já tem o peso de um adulto, com a massa muscular bem desenvolvida. Porém, se o cão deitar em pisos muito rústicos, os calos podem aparecer antes disso.



Os Mais Atingidos


Nem os cães pequenos e leves escapam dos calos, se ficarem sobre pisos duros e ásperos por diversos anos. Os mais vitimados são os cães mais pesados. Os sedentários levam a pior sobre os mais ativos, por ficarem mais tempo descansando. Os obesos, nem se fala. Além de serem mais pesados, tendem a ser mais sedentários. A propensão a calos aumenta também com a idade, que torna o cão mais sedentário, além de a pele ficar mais ressecada e frágil.






Prevenindo Calos


A melhor forma de prevenir calos é evitar que o cão repouse sobre superfícies duras ou ásperas. Gramados, por exemplo, não causam calos. Na vida moderna, outras opções os evitam:

  • Edredons, almofadões e colchonetes — são uma boa alternativa para o cão pequeno, depois de passada a fase de morder o que houver pela frente.
  • Colchão de ar ou de água — adequado para todos os tamanhos de cães. Deve ser de borracha grossa para resistir à ação das unhas. Para o cão não conseguir tirar o colchão do lugar, é preciso encaixá-lo numa estrutura (pode ser de madeira ou alvenaria).
  • Cama elevada de borracha — feita sob encomenda em empresa que trabalhe com colocação de pisos de borracha. E formada por placas de borracha espessa (de 1 m2 cada), com vários pés, feitos do mesmo material (a altura do pé mais a espessura da placa é de 20 cms). Os pés ficam um perto do outro, nos quatro lados da placa e embaixo dela, em forma de cruz, para dar boa sustentação (no total, cada placa tem cerca de 50 pés). Os módulos são colocados um encostado ao outro. As placas têm pequenos furos que proporcionam ventilação, para quando o cão estiver molhado e para melhor higiene. Quando se deseja fazer limpeza, basta desencaixar os módulos e tirá-los do lugar, pois são leves.
  • Piso emborrachado — formado por módulos de placas de borracha espessa (de 1 m2 cada), semelhantes ao da cama, com duas diferenças. Os orifícios (cerca de 20 por placa) têm diâmetro maior (pouco mais que um dedo humano) para dar vazão à urina, à água do esguicho e permitir enfiar o dedo dentro e levantar o módulo quando necessário. Os pés têm 5 centímetros menos que os da cama, para o piso ficar em um nível um pouco inferior. Não é preciso retirar os módulos para limpar. Basta recolher as fezes, passar um desinfetante no local e esguichar todo o piso de borracha. A água escorrerá pelos orifícios e escoará pelo chão sob os módulos. Quando houver sujeira que exija forçar o escoamento sob os módulos, basta levantar um deles (são bem leves) e dirigir o jato de água para o chão.


Dando um Jeito


Quando aparecem os calos é preciso tratá-los para não piorarem. Deitar de deitar em superfícies duras ou ásperas interrompe a produção de calos e muitas vezes basta para que eles desapareçam sozinhos, dependendo de condições de peso do cão e a idade. Para acelerar o processo, passa-se anti-séptico nos locais afetados, diluído em água, com a ajuda de uma esponja, para desinfetar e hidratar. Deixa-se agir por cinco minutos. Em seguida, enxuga-se o local para evitar que o cão ingira o anti-séptico. Repete-se uma vez por dia, por 4 a 6 semanas. Nos primeiros 15 a 30 dias o cão é tratado também com antimicrobiano de largo espectro, para evitar infecções (ver Complicações). Com esse tratamento, se a causa dos calos tiver sido eliminada, o calo na maioria das vezes desaparece. Se continuar, o veterinário reavaliará o que fazer.







Complicações


Além de dificultar a movimentação, os calos tendem a desenvolver outros problemas:
  • Piodermite — inflamação do calo. Libera pus e sangue. O veterinário receita antibiótico.
  • Fibrose — se, depois de formado, o calo continuar a sofrer alterações sendo comprimido sobre piso inadequado, a pele degenera ainda mais. O calo aumenta e fica mais duro. A indicação é retirá-lo por cirurgia porque não dá mais para tratá-lo.
  • Higroma — outra possível complicação, se o cão com calo continuar a deitar em piso impróprio, é o acúmulo excessivo de liquído (edema) nas articulações. O veterinário opta por retirar o líquido por meio de punção. Se o líquido estiver infectado (ocorre quando o mal se encontra em fase avançada), é preciso interromper sua produção por meio de uma cirurgia delicada. Se não tratado, o higroma tende a avançar para a perna e causar gangrena e necrose. Para evitar a morte do cão, nesses casos só resta amputar o membro afetado.
  • Flegmão — o calo inflama e um grande inchaço se forma em torno dele, disseminando-se por todo o membro, devido à formação de uma secreção interna, logo abaixo da pele. Para retirá-la é feita uma drenagem e o cão é tratado com antibiótico e diuréticos. Se não houver tratamento, o mal evolui para gangrena e necrose, exigindo amputação.
  • Bicheiras e bernes — moscas atraídas pelo pus e sangue das complicações causadas pelos calos depositam ovos sob a pele dos cães. Retiradas as larvas, passa-se cicatrizante e bactericida nas feridas e, para afastar as moscas, usa-se spray repelente.
Vet. Samir Doumit Chomuni
Publicado na revista Cães e Cia, 256
  Fonte:dogtimes.com.br

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