É constrangedor
para a espécie hominal, mas os animais têm manifestado atitudes, que são
exemplos imarcessíveis para nós, alertando, orientando, defendendo,
manifestando gratidão e em alguns casos, salvando a vida de seus amigos
bípedes.
Quatro
relatos reais.
Havia um
pároco no interior da Bahia, conhecido por sua bondade, fé e dedicação ao
próximo. Também era conhecido por seu amor aos animais, particularmente aos
gatos. Possuía alguns, mas um siamês cinza era seu xodó.
Um dia o
padre apresentou sintomas de doença insidiosa que o prostrou, exigindo
cuidados médicos e dos amigos e paroquianos que se desvelavam à sua
cabeceira. A febre implacável o consumia sem que a medicina conseguisse
identificar a causa.
Seus gatos circulavam o leito, miando dolorosamente
como a prenunciar o fim. De repente o siamês pula sobre ele, deita-se sobre
o plexo solar, emite um gemido longo e lúgubre, eriça o pelo como se
atingido por corrente de alta voltagem, estica-se todo e morre. Rígido como
um tijolo...
A febre
desaparece e o sacerdote levanta revigorado, chorando de emoção pelo
sacrifício do amigo que lhe salvara a vida...
O
lavrador entra na mata com seu velho companheiro “Cação”, mestiço de
perdigueiro e vira-latas; corta a lenha necessária para alimentar o fogão e
retorna com alentado feixe sobre o ombro.
No dia
seguinte percebe a ausência do amigo. Aí lembra que ele não latiu à noite,
como de costume. Chama-o, assovia, procura pelas redondezas e finalmente
regressa, abanando a cabeça... “tá poraí, na certa atrás de alguma
cadela...”, pensa.
À noite
volta a chamá-lo, assovia, grita, interroga caminhantes, ninguém o viu...
Pela
manhã retorna à mata e com dificuldade, depois de algumas horas caminhando a
êsmo, chamando o cão pelo nome e assoviando, ouve um latido débil. Assovia e
o latido se repete chega ao sítio onde “Cação” se encontrava, deitado sobre
o machado que ele esquecera, fazia dois dias...
O
Poeta catarinense, Juvêncio Araujo Figueiredo, seguia viagem de Desterro
para Tijucas, onde era Promotor Público, cavalgando sua fiel companheira a
égua “Mostarda” . Vivia-se os tempos tenebrosos da revolução de 1893, onde a
matança dos adversários políticos era rotina...
A
égua empacava vez por outra, forçando a rédea, querendo voltar... Chegando à
Serraria (Barreiros), empacou de vez e ele ouviu uma voz gravíssima que lhe
diz:
-“
Volta. Não prossigas tua viagem!”. Voltou.
Posteriormente veio a saber que as tropas do coronel Moreira César haviam
ocupado Itajaí e Tijucas e o seu amigo, Dr. Joaquim Lopes, Juiz de Direito,
bem como o delegado Luiz Cordeiro, foram presos e executados. Só ele
escapara, por estar fora da cidade.(Márcio Araújo, in “Mediunidade do poeta
catarinense Araújo Figueiredo”, EDEME, SC, 2000).
Canadá, idos de 1960. Amanhecia, quando o guarda florestal foi
despertado por ruído estranho na porta da cabana. Empunhando o rifle, abriu
a janela e viu enorme urso de pé, com a pata dianteira estendida.
O primeiro
impulso foi disparar para o ar, a fim de assustá-lo. Num átimo de segundo,
seu olhar cruzou com o do animal. Viu ali dor e piedade. Observando melhor a
pata dianteira, percebeu um enorme espinho atravessando-a.
Munido de pinça, removeu-o. O urso olhou-o com um
olhar humano, cheio de gratidão e afastou-se, penetrando na floresta.
Dias depois, numa outra manhã, o mesmo ruído na
porta. O guarda abriu-a e viu, a seus pés, um cabrito montês abatido, ainda
quente... o urso que se afastava, parou, olhou para trás e desapareceu na
floresta...(Seleções do Reader's Digest - 1960)
Os animais, movidos por instintos, sensações,
percepções e emoções, oferecem exemplos de solidariedade, doação e amor,
que constrangem os ditos “humanos”... Inspiremo-nos nos exemplos deles. O
Pai nos instrumentalizou com todos os equipamentos dos animais e, para fazer
a diferença entre nós e eles, sentimentos, estrutura de pensamento, mente,
afetividade, ego e EU, tudo gravitando em torno do Espírito imortal, a
caminho da plenitude do amor.
Podemos e devemos ser melhores que os animais, se
manifestarmos afeto, não apenas nos círculos familiares e de amigos, mas ao
próximo indistintamente, porque assim estaremos construindo um mundo melhor,
conforme as máximas de Jesus: "Fazei ao próximo aquilo que gostaria que o
próximo vos fizesse". "Amai a Deus acima de tudo e ao próximo como a vós
mesmos".
Daniel Valois
Professor, estudante da Doutrina
Espírita
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