O Bouvier de Flandres, como o próprio nome sugere, teve sua origem ligada ao trabalho nas fazendas, cuidado dos rebanhos na região de Flandres, que abrange parte da França e da Bélgica, tanto que é considerado um cão franco/belga.
Apesar de ser muito difícil precisar quais cães foram utilizados na formação da raça, pode com relativa segurança que os cães utilizados eram muito similares entre si, sendo necessariamente cães robustos que suportassem longas jornadas de trabalho junto aos rebanhos...
Segundo os estudos do professor Reul (renomado historiador e especialista em cães belgas), Bouvier des Flanders seria descendente do cão das turfeiras, um animal selvagem que foi pouco a pouco domesticado pelo homem.
Com o passar dos séculos e seguramente no norte da França, na Bélgica e nos Países Baixos, este cão teria dado origem aos antepassados dos pastores Picard, Holandês, Belga e a diversos Bouviers que antes viveram nessas regiões.
Outra teoria, defendida por cinólogos espanhóis, afirma que uma vez que a região de Flanders pertencia à coroa espanhola no século XVI, o Bouvier bem como o Pastor de Languedoc, uma raça muito antiga que nunca foi reconhecida, pode ter sido introduzida pelas tropas espanholas nessas regiões do Norte e que mais tarde teria recebido, no século passado, sangue de Barbet ou de Berger Picard. Outros estudiosos afirmam ainda que teriam havido cruzamentos com Beaucerons, Griffons e Deerhounds.
Qualquer que seja a teoria sobre a evolução do Bouvier, é certo
que é uma raça que se fixou tarde. Durante muito tempo, tanto na Bélgica como
nos Países Baixos e na França, foram muitas as variedades de Bouviers. Conforme
o país, Bélgica ou França, chamavam-lhes "Bouvier des Flanders Belga" ou "Bouvier
des Flanders Francês".
A Sociedade Real de São Humberto tomou conhecimento da raça em
1910 quando dois exemplares foram exibidos numa exposição internacional
realizada em Bruxelas e só em 1912 um padrão foi adotado, nesta ocasião, por
iniciativa do Bouvier Club de Courtrai. Para idealizar este padrão, os cinólogos
belgas decidiram escolher o Bouvier des Roulers, descrito como um cão fila de
pêlo negro, cabeça larga e expressão nobre e inteligente.
Mas este padrão era
muito diferente do que os criadores franceses defendiam na época, o que fez com
que a raça tivesse 2 padrões diferentes entre o final da Primeira Guerra Mundial
até meados dos anos sessenta.
Durante
este período e especialmente no pós-guerra, a região onde eram criados foi
praticamente destruída e muitos cães foram abandonados ou morreram, sendo alguns
levados pelos alemães. Foi graças ao empenho dos criadores que a raça
recuperou-se nos anos seguintes.
Mas foi apenas em 1965, que o clube dos adeptos franceses dessa
raça firmou um acordo pelo qual se adotou um padrão único, que é o que está
atualmente em vigor e cuja nacionalidade é franco-belga.
O Bouvier de Flandres é, acima de tudo, um cão de trabalho, e como tal deve ser inteligente, tranqüilo , equilibrado e muito valente, qualidades essências não apenas na função com os rebanhos, mas também para suas funções de cão de guarda.
Bastante afetivo e protetor com os membros de sua família e dotado de um sentido de iniciativa muito desenvolvido, é capaz de defender o dono quando estiver em perigo mesmo que não tenha sido adestrado especialmente para esta função. As mesmas características não o recomendam para donos inexperientes ou que não saibam se impor ao cão como líder.
Por ser um cão rústico, agüenta bem as brincadeiras mais abrutalhadas das crianças, com que tem bastante paciência, mas em função de seu tamanho, as brincadeiras devem ser sempre supervisionadas por um adulto.
É um cão com grande energia e resistência, sendo muito indicado para pessoas que tenham uma vida ativa e que desejem um companheiro para caminhadas e outras atividades como agility. Seus reflexos e grande destreza, fazem do Bouvier des Flanders um excelente cão de resgate, motivo pelo qual é freqüentemente utilizado no socorro a vítimas de catástrofes e combate anti-drogas.
Na classificação do pesquisador Stanley Coren, em seu livro ‘A Inteligência dos Cães’, o Bouvier ocupa a 29ª posição entre as 133 raças pesquisadas.
Os filhotes, assim como os adultos, são bastante ativos e curiosos. É comum que só atinjam a maturidade mais tarde do que as demais raças e por isso, é fundamental que, durante o período de crescimento, o proprietário saiba impor seus limites e inicie o processo de educação do filhote. É importante sempre lembrar que como é um cão que terá um porte grande e força atlética acima da média, capaz de intimidar qualquer um, é fundamental que o filhote realmente perceba desde cedo que não é ele quem manda ou determina as rotinas da casa.
O treinamento de obediência é absolutamente essencial para a raça, inclusive porque reforça os laços entre cão e proprietário.
Seu porte físico e alto nível de atividade, não o recomendam para apartamentos. É um cão que foi desenvolvido para viver em espaços amplos e de preferência, ao ar livre, com espaço suficiente para que possa ir e vir à vontade, desempenhando o seu papel de guarda.
Apesar de tolerar relativamente bem a solidão, não é indicado para proprietários que não queiram realmente partilhar as atividades com o cão. Por isso, é importante que o cão esteja inserido na
rotina da família.
A pelagem do Bouvier é dupla com subpêlo protetor e impermeável e pêlo de comprimento médio, em torno de 6 cm levemente eriçado, sem ser lanoso nem encaracolado. Na cabeça o pêlo é mais curto e existe a formação de bigode e barba.
Sua cor varia desde o amarelo até o preto, passando pelo sal-e-pimenta, cinza e tigrado.
Para
manter a textura (áspera) e aparência do pelo, é importante escová-lo
semanalmente. Os banhos devem ser evitados. Se o cão estiver realmente sujo,
pode-se limpar o pêlo com um xampu seco próprio.
Mas deve-se cuidar para que a
pelagem conserve um aspecto natural. Da mesma maneira, não se deve cortar os
bigodes e as sobrancelhas, bastando penteá-los de modo a que não fiquem na
frente dos olhos.
O Bouvier é um cão bastante rústico com poucos problemas de saúde.
- Algumas linhagens apresentam maior predisposição para apresentar displasia coxo-femural. Por isso é importante adquiri cães cujos criadores realizam o controle de displasia do plantel.
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Também existem relatos de problemas relativos à tireoide.
Fonte:dogtimes