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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Cuidados com os Recém Nascidos


Os cuidados com os filhotes de cães começam mesmo antes deles nascerem. Deve-se preparar o local onde os neonatos, como são chamados os cães recém-nascidos, vão ficar antes mesmo da data provável do parto. “O ambiente deve ser seguro, tranquilo, com temperatura ideal e que dê conforto tanto para a mãe como para os filhotes”, explica o veterinário Hélio Margiota.

Parto e primeiros cuidados

Caso o parto ocorra de forma natural, o acompanhamento é de suma importância para que os neonatos não sofram nenhum infortúnio e consigam nascer bem. O cachorro pode necessitar de cuidados de emergência logo após o nascimento. É o que se chama reanimação neonatal.

Em primeiro lugar, é indispensável saber extrair o cachorro dos invólucros fetais para que o mesmo não corra o risco de inalar líquido e morrer asfixiado. Em seguida é importante limpar a boca e as narinas do animal: o modo mais simples é mantê-lo suspenso pelas patas traseiras. Se ele ainda não começar a respirar, pode-se soprar com força no nariz, e se também isso não der resultado, pode-se tentar desencadear o reflexo de salvação, mergulhando rapidamente a cabeça do animalzinho em água fria.

Imediatamente após o nascimento, os neonatos devem ser massageados na região torácica para estimular a respiração e a circulação, o que pode ser feito friccionando essa região, em sentido contrário ao pelo, com o auxílio de toalhas secas. Essa manobra também secará o neonato dos líquidos dos anexos placentários ainda existentes.

 Assim que o filhote começar a respirar, deve-se secá-lo. Em geral, a mãe encarrega-se instintivamente dessa operação, que, no entanto, não está isenta de perigos; de fato, quando a cadela come os invólucros fetais e corta com os dentes o cordão umbilical, existe o perigo, se o cachorro não gritar, dela mesma machucá-lo ou até devorá-lo.


Alimentação

Após o nascimento, durante as primeiras 24 ou, no máximo, 36 horas, os cães recém-nascidos necessitam se alimentar. O primeiro alimento naturalmente disponível é o colostro, um tipo especial de leite produzido pela mãe logo após o parto, que, além de nutrir e hidratar, proporciona imunidade e resistência contra doenças aos filhotes recém-nascidos. Em geral, o instinto e os movimentos da mãe são suficientes para pôr os filhotes em contato com as mamas; se eles não conseguirem, devem ser ajudados. De qualquer forma, é muito importante monitorar o consumo de colostro, pois filhotes que não o ingerem têm poucas chances de vida.

“O colostro é sucedido, gradativamente, pelo leite, que possui proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e minerais suficientes para nutrir o neonato. Se, por algum motivo, a mãe não puder amamentar ou tiver pouco leite, ou, ainda, no caso de órfãos, é necessário fornecer aos filhotes um substituto do leite, até começarem a ingerir alimentos sólidos ou semissólidos”, explica Hélio.
Não se deve dar somente leite de vaca aos neonatos, pois a composição do leite varia conforme a espécie animal e essa dieta pode gerar deficiências nutricionais graves. O leite de cadela possui mais que o dobro de proteínas, gorduras e energia que o leite de vaca. Existem alternativas como o leite de cabra e também uma mistura de leite condensado não açucarado, gema de ovo, nata e mel. Em qualquer caso é o veterinário quem deve indicar o melhor substituto.

O leite substituto deve estar em temperatura morna e ser fornecido através de uma pequena mamadeira. Durante o aleitamento artificial, os filhotes precisam ser mantidos em uma posição vertical, com a barriga para baixo e a cabeça ligeiramente inclinada para a frente e para cima, com cuidado ao fornecer o alimento para não ocorrer ingestão de ar. 

 Quando o filhote já estiver rejeitando o leite fornecido, significa que seu estômago já está cheio e não se deve forçar sua ingestão. É importante verificar se a mãe promove, com lambidas na região perianal e genital, após a mamada, a estimulação para que o neonato urine e defeque. Caso isso não ocorra, deve-se estimulá-los passando nessa região um algodão umedecido com água morna.
Durante a primeira semana são necessárias oito refeições diárias, na semana seguinte passa-se para sete, reduzindo até chegar a três ou quatro refeições diárias na época do desmame.




Desmame

O surgimento dos primeiros dentes ocorre entre o 21º e o 31º dia, por isso, a introdução de alimentos sólidos ou semissólidos para os filhotes deve ser feita durante a 4ª semana de idade.
Durante 15 a 20 dias, mesmo os filhotes alimentando-se de ração, é comum que a mãe ainda amamente algumas vezes por dia.
Para o desmame, procure oferecer papinhas para filhotes ou rações próprias em forma de papa (preparada com leite ou água morna), 3 a 4 vezes ao dia.

É importante não realizar esse procedimento com todos os filhotes de uma única vez. Isso porque o organismo da cadela, não tendo a cria para mamar, poderá fazer com que o leite se acumule e "empedre". Esse processo pode causar a mastite.
Após o início do desmame é esperado que as tetas sequem sozinhas, devido à baixa estimulação dos filhotes. Caso isso não ocorra, uma boa dica para ajudar no processo é diminuir a quantidade de comida oferecida à fêmea. É importantíssimo não dar remédios para a fêmea secar o leite, pois isso acontecerá de forma natural.




Vacinação

Com 15 dias de vida, é indicado fazer um exame de fezes da ninhada e dar o vermífugo (que deve ser indicado pelo veterinário) tanto para a ninhada quanto para a mãe.
A vacinação dos filhotes só começa a partir da 6ª semana de idade, com reforços a cada 21 dias até completarem 12 semanas. Os neonatos devem ser vacinados contra cinomose, hepatite infecciosa canina, adenovírus, coronavírus, parainfluenza, parvovírus canino e leptospirose.


De acordo com Hélio, “com 45 a 60 dias deve-se providenciar as primeiras doses das vacinas múltiplas (V8 ou V10), contra giárdia e contra tosse dos canis. Após 21 dias da primeira dose deve-se fazer o reforço da V8 ou V10 e da vacina contra giárdia e após mais 21 dias da segunda dose, o terceiro reforço, mas agora só da V8 ou V10 deve ser repetido. Sem contar a vacina antirrábica que é exigida por lei e deve ser feita após 4 meses de idade. Passado esse primeiro ciclo de vacinação, todas as vacinas deverão ser repetidas anualmente”.




Cuidados gerais

É fundamental o acompanhamento de um médico-veterinário com experiência para diagnosticar e tratar alterações dos neonatos, que também possa orientar os donos nos cuidados dos neonatos. Muitas ninhadas são perdidas por manejo inadequado dos filhotes.
É extremamente importante que os filhotes sejam pesados diariamente. Nas primeiras 24 horas de vida, o filhote perde aproximadamente 10% do seu peso ao nascimento. Depois deve ganhar ao redor de 10% do peso (do dia do nascimento) ao dia. Uma parada ou perda de peso sempre indicam que alguma alteração pode estar ocorrendo.


Filhotes que choram e se isolam dos outros devem ser observados. Nesses casos, podem estar hipoglicêmicos (resultado de alimentação inadequada), com hipotermia (temperatura abaixo do normal) ou com a presença de alteração sistêmica. A tríade hipoglicemia (diminuição nos níveis de glicose), hipotermia e desidratação é a maior causa de mortalidade neonatal em cãezinhos. Cada um desses fatores está relacionado ao outro.

Ao final do período de quinze dias, os filhotes devem estar agitados, se movimentando, com os olhos abertos e crescendo dentro dos padrões normais.




Atividades físicas

A atividade física é fundamental para o desenvolvimento saudável de um cachorro. É importante estimular o cão a exercitar-se desde cedo.

“Dos dois aos quatro meses a atividade física do filhote deve ser restrita às brincadeiras dentro de casa, pois ele ainda estará seguindo o programa de vacinas. Sem a imunidade adequada, o cão não deve ser levado a praças, parques e jardins nem ter contato com outros cães que não estejam vacinados. Já nessa fase o filhote precisa ser estimulado através de jogos e brincadeiras para que ele se acostume com o ritmo de exercícios”, informa Hélio.

O cuidado com pisos muito lisos deve ser considerado. Eles podem prejudicar o aprumo e a postura do filhote. Evite que seu cão tenha acesso a lugares altos, como terraços, e mesmo de pouca altura, como bancos e muros, pois uma queda poderá causar fraturas. O filhote deve se acostumar a usar guia e coleira desde cedo.
As longas caminhadas são atividades úteis para o animal, pois o ajudam a descarregar todo o stress acumulado durante o dia. Também é importante deixar o cão praticar suas atividades primitivas, como pular, mastigar e cavar.

Hélio Margiota é médico-veterinário – CRMV/SP Nº 24922 - formado na Universidade Metodista de São Paulo.

Fonte:http://idmedpet.com.br

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