sábado, 7 de maio de 2011
Cardiomiopatia Felina
Visão Geral
Cardiomiopatia é o termo utilizado para descrevermos doenças do coração. Há muitos tipos de doença cardíaca, mas os gatos geralmente desenvolvem três formas diferentes delas: cardiomiopatia por dilatação, cardiomiopatia restritiva e cardiomiopatia hipertrófica.
Cada uma destas patologias é diferente uma da outra. Todas causam problemas a médio e longo prazo porque o coração se mostra incapaz de bombear um volume de sangue adequado para suprir as demandas do organismo.
Assim como em seres humanos, os felinos podem sofrer de problemas cardíacos por muito tempo antes de apresentarem sintomas de insuficiência cardíaca. A insuficiência cardíaca é uma doença grave que traz risco de vida e ocorre quando o coração se torna incapaz de bombear sangue suficiente para suprir os tecidos com o oxigênio necessário. O lado direito, o esquerdo ou ambos os lados do coração começam a falhar, causando uma série de complicações.
Uma das formas mais graves de insuficiência cardíaca ocorre quando os pulmões se enchem de líquido, formando um quadro de edema pulmonar. Esta complicação ocorre quando o lado esquerdo do coração não está bombeando eficientemente o sangue. Desenvolve-se uma pressão excessiva no local e há um extravasamento de líquido por entre os tecidos e espaços onde há ar nos pulmões. Assim, o gato começa a se afogar literalmente em seus próprios líquidos, impedindo a troca de oxigênio entre os pulmões e o sangue. Como resultado, o organismo não recebe oxigênio suficiente e os tecidos começam a morrer. Se não for corrigido a tempo, o edema pulmonar leva à insuficiência generalizada dos órgãos e à morte.
Outra complicação cardíaca em gatos é o desenvolvimento de coágulos sanguíneos, conhecidos clinicamente como tromboembolia aórtica, que geralmente se forma no coração e se desloca através da corrente sanguínea. Comumente, o coágulo se aloja no setor da artéria aorta que supre os membros posteriores, interrompendo o fluxo sanguíneo e causando um quadro de paralisia parcial ou total. A condição é extremamente dolorosa e requer atenção médica imediata. Gatos com tromboembolia aórtica tornam-se incapazes de mover as patas traseiras e podem miar de dor. A tromboembolia aórtica geralmente é indicativa de doença cardíaca grave; dois terços dos animais que apresentam o problema terão que ser submetidos à eutanásia. Os animais que sobrevivem à doença, pode apresentar reincidência.
Sinais Clínicos
Os sinais clínicos mais comuns incluem taquipnéia, perda de fôlego associada a qualquer atividade, dispnéia, tosse, anorexia, vômitos, perda de peso e letargia. Alguns animais desenvolvem paralisia nas patas traseiras, perda do tônus femoral e uma diminuição da temperatura nos membros posteriores devido ao tromboembolismo. Pode ocorrer síncope ou morte súbita do animal. Freqüentemente podemos detectar sopros no coração, taquicardia ou ruídos pulmonares anormais pela auscultação cardíaca. O gato pode ter sido submetido a stress recente como anestesia, cirurgia, estadia em canis ou similares, ou viagens de automóvel que podem ter causado o desenvolvimento do quadro de insuficiência cardíaca.
Sintomas
Os sintomas mais comuns incluem respiração acelerada, perda de fôlego em atividades que geralmente não são estressantes, dificuldade de respiração, tosse, perda de apetite, vômitos, perda de peso e desânimo. Alguns gatos podem apresentar paralisia dos membros posteriores, devido a coágulo sanguíneo formado no coração e alojado no setor da corrente sanguínea que supre as patas traseiras. Alguns gatos podem sofrer desmaios ou morrer subitamente. Às vezes, um sopro no coração, ritmo cardíaco anormal ou ruídos estranhos no pulmão podem ser detectados quando o veterinário ausculta o tórax do felino com o auxílio de estetoscópio. O gato pode ter passado por algum tipo de stress recente como anestesia, cirurgia, alojamento, ou viagens de automóvel que podem ter causado o aparecimento de sintomas de insuficiência cardíaca.
Descrição
Há três tipos de doenças cardíacas que geralmente afetam os gatos, todas com grande comprometimento da saúde do felino por resultarem da incapacidade do coração de bombear o sangue apropriadamente. Cada uma das doenças é séria, mas os gatos afetados podem resistir por longos períodos, com o tratamento apropriado. Da mesma forma, com diagnóstico precoce e adoção de uma estratégia de prevenção, o veterinário pode melhorar muito a qualidade de vida do animal.
Uma modalidade de doença cardíaca do felino, a cardiomiopatia por dilatação, acontece quando uma das câmaras cardíacas cresce e se dilata como um "balão de gás". Com a dilatação, o músculo cardíaco se enfraquece tanto que perde a capacidade de se contrair com a força normal. Esta doença era muito comum antes de se descobrir que sua causa, na maioria dos casos, era a deficiência dietética de um aminoácido, a taurina. Desde que as rações comerciais passaram a ser adequadamente suplementadas com taurina, esta doença se tornou mais rara.
A cardiomiopatia hipertrófica, a forma mais comum de cardiopatia felina, ocorre quando a câmara inferior esquerda do coração, chamada de ventrículo esquerdo, se espessa e se enrijece, enquanto a câmara superior esquerda, o átrio esquerdo, aumenta de tamanho. O ventrículo esquerdo aumentado não permite que sobre espaço na câmara para que esta se encha de sangue. Assim, a cada contração, são bombeadas quantidades de sangue menores do que o normal. Além disto, o espessamento do ventrículo aumenta o consumo de sangue necessário ao suprimento do próprio coração. Se as demandas de oxigênio não são atendidas, pode ocorrer morte das células por hipóxia, o que levaria a cicatrizes cardíacas.
Uma terceira forma da doença é chamada de cardiomiopatia restritiva. Também é conhecida como cardiomiopatia intermediária por ter características tanto da cardiomiopatia por dilatação, quanto da hipertrófica. Nesta modalidade da doença, as paredes do coração do gato desenvolvem fibrose, que é a substituição do tecido cardíaco normal por tecido cicatricial . Esse tecido cicatricial faz o coração se enrijecer e ficar menos eficiente no bombeamento sanguíneo.
Ocasionalmente, gatos com doenças cardíacas desenvolvem um quadro que leva à paralisia total ou parcial dos membros posteriores. Com atendimento rápido, pode-se muitas vezes controlar este quadro clínico, mas, na maioria dos casos, estes animais terão que ser sacrificados.
Diagnóstico
Após o exame físico e a obtenção do histórico , o veterinário auscultará o coração e pulmões do animal com o estetoscópio. Depois, examinará os batimentos cardíacos e pedirá exames de sangue para determinar a presença de possíveis doenças.
Radiografias do tórax irão revelar alterações no tamanho do coração e anormalidades como edema pulmonar (líquido nos pulmões), resultante da insuficiência cardíaca. A melhor forma para o veterinário avaliar o tipo de doença cardíaca presente é uma ultra-sonografia do coração . Este teste é excelente por ser um método não-invasivo e por ser capaz de distinguir entre os diferentes tipos de doenças cardíacas. A ultra-sonografia do coração, conhecida clinicamente como ecocardiograma, pode ser realizada por um radiologista veterinário, ou outro profissional com treinamento específico para este tipo de procedimento.
Prognóstico
A duração e a qualidade de vida de um gato dependem do tipo e da gravidade da doença cardíaca existente. Nos casos de cardiomiopatia por dilatação, os gatos que respondem bem a administração de taurina e que sobrevivem às primeiras semanas de tratamento têm um bom prognóstico.
Gatos com insuficiência cardíaca geralmente têm um prognóstico de longo prazo pior do que os gatos cuja doença foi identificada antes do agravamento dos sintomas.
Muitos animais controlados com a medicação apropriada, vivem anos com a doença cardíaca sob controle. Ao identificar o tipo específico de afecção e prescrever o tratamento adequado, o médico veterinário pode ajudar os animais afetados a viver mais e com melhor qualidade de vida do que os animais que são deixados sem tratamento.
Transmissão ou Causa
Há suspeitas de um componente hereditário no aparecimento de doenças cardíacas. Os gatos Burmeses, Siameses e Abissínios fazem parte de um grupo de risco para a cardiomiopatia por dilatação. No passado, os gatos que não recebiam quantidade suficiente do aminoácido taurina geralmente desenvolviam esta forma da doença. Até que a deficiência de taurina fosse identificada como um grande problema das rações comerciais, a cardiomiopatia por dilatação era uma doença muito comum. Desde então, as rações comerciais têm sido suplementadas com taurina, tornando cada vez mais rara a cardiomiopatia por dilatação em gatos.
A cardiomiopatia hipertrófica não tem causas conhecidas.Problemas cardíacos similares aos causados pela cardiomiopatia hipertrófica podem ser causados por afecções como hipertireoidismo, hipertensão e estenose sub-aórtica.
Não há uma causa conhecida para a cardiomiopatia restritiva, apesar de haver suspeitas de que inflamações cardíacas possam ser a origem do problema. Especula-se também sobre a possível incidência do problema em animais afetados pela cardiomiopatia hipertrófica com histórico recorrente de infarto do miocárdio, o que teria levado ao surgimento de áreas de destruição do músculo cardíaco e formação de cicatrizes.
Tratamento
O tratamento das doenças cardíacas em gatos é geralmente complexo. Apenas a cardiomiopatia por dilatação devida à insuficiência de taurina é potencialmente curável. As outras afecções podem ser controladas com medicamentos e dietas, além de atividades diversificadas.
Animais muito doentes ou apresentando um quadro de insuficiência cardíaca necessitam de tratamento com oxigênio. Como o stress pode agravar as condições cardíacas, gatos com sintomas graves devem ser confinados numa gaiola e impedidos de participar de qualquer atividade. Uma vez estabilizado o quadro clínico do animal, é importante que o veterinário determine qual é o tipo específico de afecção cardíaca, para poder iniciar o tratamento apropriado; este geralmente varia de acordo com as características da doença.
Um grande número de medicamentos pode ser prescrito para felinos com doenças cardíacas. Nos caso de cardiomiopatia por dilatação, pode-se administrar taurina . Se a doença responder ao tratamento com o aminoácido e o gato sobreviver as primeiras semanas de tratamento, após poucos meses, poderemos suspender a medicação.
Se houver líquido nos pulmões em decorrência da incapacidade do coração de bombear corretamente o sangue, um diurético será prescrito para auxiliar na desobstrução dos pulmões. Há disponível no mercado, medicamentos adicionais para relaxar o gato, estabilizar os batimentos cardíacos, e regular a intensidade e a velocidade das contrações cardíacas. O tipo de tratamento muitas vezes depende das complicações existentes. Em alguns casos, o veterinário indicará um colega médico veterinário especializado em cardiologia para que seja feito um diagnóstico mais preciso e para ajudar na implantação do plano inicial de tratamento.
Gatos que desenvolvem coágulos sanguíneos e posterior paralisia dos membros traseiros, em virtude de afecção cardíaca, necessitarão de medicação específica para a doença, para controlar a dor e para melhorar o fluxo de sangue para os membros traseiros e reduzir o perigo de formação de novos coágulos. Em casos raros, pode-se recomendar a cirurgia para remoção do coágulo, mas esta tem alto grau de risco. Existem empresas de medicamentos pesquisando novas drogas para a dissolução de coágulos. Estas drogas devem ser usadas com cuidado e em momentos muito específicos. Além do mais, o tratamento é muito caro e o percentual de êxito é desconhecido. Estudos anteriores indicaram uma taxa alta de óbitos. Novas tentativas, entretanto, têm sido feitas em várias universidades e instituições de pesquisa.
Prevenção
Os criadores devem evitar a reprodução de animais com insuficiência ou alterações cardíacas. O emprego de ração felina de boa qualidade, com o nível apropriado do aminoácido taurina ajuda a evitar a cardiomiopatia por dilatação, causada por deficiência nutricional. A maioria das rações para felinos geralmente contém boa quantidade do aminoácido em questão, mas os gatos que recebem dieta caseira ou que não comem ração podem necessitar de suplementação. Gatos com afecções cardíacas devem ser poupados de situações de stress que sobrecarreguem o coração. Esta sobrecarga poderia "ultrapassar os limites" e levar a sérias complicações, inclusive insuficiência cardíaca.
Fonte:renalvet.com.br
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