Alterações oftálmicas
nos animais de companhia são facilmente observáveis pelos seus donos e
constituem-se uma grande parcela dos motivos das visitas aos
consultórios veterinários.
Em cães e gatos, observa-se
frequentemente opacidades na córnea, denominadas “Florida spots”
(manchas da Flórida), de coloração acinzentada ou branca e de tamanho
variado. Acomete também, embora mais raramente, equinos e alguns
pássaros.
Esta anomalia foi descrita pela primeira vez em gatos no Sul
do Flórida, EUA (1), o que explica a origem de seu nome. Em outras
regiões do mundo, como a América do Sul, observa-se mais frequentemente
em áreas tropicais ou subtropicais, por isso também é denominada
“ceratopatia tropical”.
Apesar de localizar-se na córnea, que é a
camada transparente externa localizada no centro do globo ocular que
permite a entrada da luz no olho, esta doença é frequentemente
confundida pelos proprietários com a “catarata”, que é uma doença que
afeta o cristalino, estrutura localizada mais profundamente no globo
ocular, atrás da íris (a estrutura muscular que define a “cor” dos
olhos).
Florida spots caracteriza-se por
opacidades visíveis a olho nu, e podem ser únicas ou multifocais,
radialmente simétricas, com a região central mais densa, podendo se
apresentar uni ou bilateralmente.
Essas opacidades encontram-se
profundamente na córnea. As lesões variam em tamanho de 1 a 8 mm de
diâmetro e são tipicamente múltiplas. Não se observam outras
anormalidades e a condição é não progressiva.
Os olhos não apresentam sinais de
inflamação ou desconforto e não respondem ao tratamento com
antifúngicos ou corticosteroides. A visão também não é afetada
significativamente.
Não se conhece o mecanismo patogenético
desta alteração, embora já tenham sido sugeridos como possíveis causas
agentes físicos como o excesso de luz ultravioleta (1), uma reação
alérgica ao pólen e agentes infecciosos como microbactérias (2,3).
No Brasil, a doença foi descrita em
cães e gatos pela primeira vez em São Paulo no ano de 1997 (3). No ano
de 2001 (4) foi realizada uma pesquisa em 100 gatos atendidos no
Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS, em Porto Alegre-RS, e
observou-se que 32% dos gatos apresentavam “Florida spots”, um número
considerado expressivo.
Os animais mais afetados foram os que tinham
contato com outros gatos, o que reforça a hipótese de a doença ser de
origem infecciosa e transmissível, porém sem comprovação.
Portanto, se você observar manchas nos
olhos dos seus animais, procure um veterinário oftalmologista para
realizar o diagnóstico correto, pois existem outras doenças que também
causam manchas na córnea e podem ser de maior gravidade ou tratáveis.
Mauro Luis da Silva Machado é médico veterinário e Coordenador de Serviço de Dermatologia Veterinária (Dermatovet) - Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS - Porto Alegre RS. mauro.machado@ufrgs.br
Fonte: revistapulodogato.com.br
Mauro Luis da Silva Machado é médico veterinário e Coordenador de Serviço de Dermatologia Veterinária (Dermatovet) - Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS - Porto Alegre RS. mauro.machado@ufrgs.br
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