O sexo, a estação do ano e o clima não têm influência na apresentação da doença, mas a idade sim, pois as brucelas são mais infectantes para animais jovens, ainda que possam ocorrer em outras faixas etárias.
A transmissão da Brucella canis dá-se por contato direto com o microorganismo que penetra pelas mucosas. As infecções geralmente começam pela penetração das mucosas da boca e nariz (ato de cheirar e lamber), mucosas conjuntivas ou mucosas genito-urinárias pelo agente.
Ocorrem infecções intra-uterinas que frequentemente levam cadelas prenhas ao aborto. Corrimentos vaginais, tecidos placentários e fetos abortados contêm grande número da bactéria . Há relatos de transmissão por meio de fômites, tais como vaginoscópios, seringas contaminadas, transfusão sangüínea e inseminação artificial.
O contato direto com tecidos e corrimentos pós-parto ou pró-aborto é a maneira mais comum de infecção pelas mucosas do focinho e da boca. Os cães machos em reprodução apresentam maiores chances de infectarem-se pelo contato oronasal com as secreções vaginais de uma fêmea no cio contaminada do que propriamente pelo acasalamento embora esta também se dê e tenha bastante importância, pois esse tipo de transmissão é mais efetiva quando um macho infectado acasala com uma fêmea suscetível, pois tais machos expelem grande quantidade de Brucella canis no líquido seminal durante diversas semanas após a infecção inicial.
O microorganismo localiza-se na próstata e no epidídimo do macho, portanto são expulsos pelo sêmen e pela urina de forma intermitente num período de dois anos aproximadamente ou mais.
Frequentemente, essas infecções são assintomáticas . Depois que o microorganismo penetra no animal pelas membranas mucosas, ele alcança os linfonodos daquela região ou multiplicam-se dentro dos macrófagos.
Depois disso ocorre uma multiplicação dos microorganismos no animal que pode durar até dois anos ou mais, se o cão não for tratado com antibióticos específicos. Embora a infecção por Brucella Canis seja sistêmica, os cães infectados não terão uma doença sistêmica ou generalizada.
Sinais Clínicos:
Nos cães adultos, a infecção não promove alterações clínicas evidentes, entretanto os principais sinais clínicos da brucelose canina se associam com o trato reprodutor.
Nas fêmeas ocorre aborto depois de 45-55 dias de gestação. Embora o aborto no terço final seja a forma clássica. A interrupção da gestação pode ocorrer em qualquer fase, inclusive morte embrionária precoce, responsável pela causa de infertilidade.
O transtorno mais comum nos machos é a infertilidade. O exame físico revela epididimite em um ou em ambos os epidídimos, podendo ocorrer atrofia testicular e dermatite escrotal. O sêmen dos machos afetados geralmente contém grande número de espermatozóides anormais (80-90%) e células da inflamação, especialmente durante os 3 primeiros meses posteriores a infecção. Os machos cronicamente enfermos podem apresentar azospermia (ausência de espermatozóides). As principais alterações na morfologia espermática são: espermatozóides imaturos, alteração acrossomal, edema de peça intermediária, gotas citoplasmáticas, caudas dobradas, destacamento de peça intermediária e aglutinação de espermatozóides.
Os sinais inespecíficos em ambos os sexos incluem: letargias, perda de libido, envelhecimento prematuro e aumento generalizado dos nódulos linfáticos.
Diagnóstico:
É difícil porque os antígenos de superfície da Brucella produzem reação cruzada com os anticorpos contra outros microorganismos não patológicos comumente ligados aos cães. Portanto, faz-se sorologia utilizando, principalmente, material do exsudato vaginal, mas também pode ser feito do sangue, leite ou sêmen dos cães infectados.
Tratamento:
É difícil e oneroso. Até o momento não se conhece tratamento eficaz, fazendo-se uso de antibioticoterapia, a bacteremia cessa e há declínio do nível de anticorpos circulantes, o que não significa erradicação da doença, pois se interrompendo a administração de antibióticos o animal volta a ser soropositivo.
Profilaxia:
Não existem vacinas disponíveis. A prevenção depende do exame de todos os cães antes do acasalamento, inseminação ou ingresso de outro animal no plantel e do controle sorológico com castração e isolamento de cães positivos.
As fêmeas devem ser examinadas várias semanas antes do cio.
Recomenda-se testar todos os animais do plantel anualmente, ou quando surgem problemas como abortamentos ou falhas reprodutivas.
É importante salientar que a brucelose é uma zoonose, portanto, é preciso oferecer especial atenção aos funcionários do canil que cuidam dos animais, pois estes, além de terem o risco de se infectar podem funcionar como fontes de infecção. Assim, cuidados na manipulação dos animais e higiene rigorosa do canil devem ser aplicados.
Fonte: artigonal.com
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