CONTROLANDO A AGRESSIVIDADE
O cão, “melhor amigo do homem”, às
vezes é pouco amigo, enfrentando os donos com rosnados, latidos e
mordidas. Por outro lado, há cães de quem se espera guarda ou alarme,
mas se revelam “amigos demais”, recebendo até ladrões com latidos de
carinho.
Para evitar problemas desse tipo, é
preciso escolher o exemplar segundo seu temperamento e grau de
dominância. A socialização é uma boa medida para dar autoconfiança ao
cão, assim como o treino de obediência ajuda a evidenciar a posição de
submissão dele ao dono.
TEMPERAMENTO
Ao ser escolhido o filhote, é importante avaliar o temperamento herdado por ele.
Dominância - É o grau de submissão
ou liderança em relação a outros cães ou ao dono, definindo o instinto
protetor e a disposição para ocupar e defender espaço
(territorialidade). Os cães que mais desafiam o dono são os de alta
dominância, e ela não é exclusiva das raças de guarda. São dominantes
raças de pequeno porte (ótimas para alarme), como os Terriers, o
Pequinês e o Schnauzer Miniatura (Anão), e de médio porte, como o Boxer,
o Shar-Pei e o Schnauzer Standard. Entre as de grande porte estão o
Pastor Alemão, o Fila Brasileiro e o Rottweiler.
Os cães não territoriais, de baixa
dominância, são os mais dóceis. De modo geral, não dão alarme e ainda
fazem festa para o ladrão. É o caso do Bichon e Shih-Tzu (pequeno
porte), Labrador e Basset Hound (médio), Old English Sheepdog e Golden
Retriever (grande).
A dominância é uma característica
racial, mas varia entre os indivíduos. Pode ser medida no 49° dia de
vida pelo teste de Volhard (veja em
www.caes-e-cia.com.br/saibamais/volhard.htm) ou, se o cão tiver mais
idade, testando a reação dele quando fechamos seu focinho com a mão ou o
imobilizamos de barriga para cima, por exemplo. Cães muito possessivos
com seus objetos ou que gostam de lugares altos tendem a ser dominantes.
A idade também influi no
comportamento. Latidos e rosnados, por exemplo, só se tomam comuns a
partir da adolescência dos cães, por volta de oito meses.
SOCIALIZAÇÃO
Socializar um cão é familiarizá-lo
com pessoas, animais, ruídos, enfim, o mundo, nas primeiras semanas de
vida. Não para que ele aceite tudo passivamente, mas para que encare
situações novas com curiosidade, segurança e autoconfiança. O período
ideal da socialização vai da sétima semana de vida aos quatro meses de
idade.
Vantagens - A socialização é
importante para o cão crescer sem medo, traumas ou neuroses e, se for de
alarme ou guarda, para desenvolver esses instintos com clareza,
discernindo momentos de perigo e só agindo se necessário. Pela
socialização, os cães não desenvolvem rosnados e mordidas causadas por
medo, típicos do animal assustado com o que não conhece e que ataca
algum ser inofensivo “para se defender”. Os cães menos dóceis, quando
socializados, se deixam examinar e se tornam mais receptivos aos
comandos de obediência.
Conhecendo o mundo - Exponha o cão
aos mais diversos objetos, cheiros e ruídos: brinquedos,
eletrodomésticos, campainha, gravações de trovões e outros sons que
assustam cães (com moderação, um objeto por vez e sons em volume baixo,
para evitar traumas). Se o cão for de guarda, isto será importante para
ele distinguir o que é normal do que deve ser averiguado ou atacado.
Coloque o cão em contato com outros
animais (cães, gatos, pássaros, etc.) de boa saúde (o sistema
imunológico do filhote ainda não está 100%) e com pessoas de várias
idades e etnias, permitindo que ele seja tocado por elas.
Mitos - Muitos acham que socializar
o cachorro do qual se espera proteção é um contra-senso, pois ele
aceitaria sons e pessoas estranhas e, portanto, se prejudicaria como
protetor. Isso é lenda! A socialização não elimina o instinto dos cães
guardiões; pelo contrário, ajuda muito, pois um bom cão de guarda
precisa perceber “algo estranho” sem se assustar à toa, distinguir o
visitante do invasor e sair à rua sem risco para as pessoas.
Visitas e estranhos - Ensine o filhote a receber amigos, tias, encanador, todo visitante bem-vindo.
Se o cão latir ou rosnar, o dono
deve dizer “Quieto!” e “Deixa entrar, é amigo”, acalmando-o em seguida
(não o acalme enquanto late, ele pensará que está sendo premiado por
latir).
Se o cão continuar agressivo,
dê-lhe um brinquedo para morder, para desviar a atenção dele do
visitante. Nos casos mais rebeldes, mantenha o cão preso pela guia,
recompensando-o com afagos, petiscos ou brinquedos quando demonstrar
calma.
OBEDIÊNCIA
Vantagens - Treinar obediência é
muito útil para que cão e dono possam relacionar-se melhor,
multiplicando as possibilidades de o cão compreender sua posição de
submissão, diminuindo situações de tensão e confronto e facilitando o
controle da agressividade. O treino consiste em obedecer aos comandos de
“Não!”, “Senta!”, “Junto!”, “Fica!”, etc. Qualquer cão pode ser
treinado e é recomendável que o seja.
Quando começar - Antes do
adestramento propriamente dito, aos quatro meses de idade, recomenda-se
dar ao filhote noções de educação, desde a sétima semana de vida (antes
disso, o ideal é que fique com a mãe e os irmãos). Um bom exercício é
ensinar o cão a sentar-se para ganhar petiscos, carinho, tudo que
desejar. Podemos também usar o comando “Deixa ver!”, que incentiva o cão
a permitir que o toquem ou examinem.
Lembretes - Para o treino de
obediência, recomenda-se o auxílio de um instrutor que orientará o dono,
de preferência em grupo, com outros cães e seus donos. Nunca bata no
cão; qualquer ato indevido deve ser corrigido com um firme “NÃO!”.
GUARDA
Só agressividade não basta; o cão
de guarda deve ser corajoso (muitos são agressivos por medo), saber
distinguir perigos e ser controlável pelo dono.
A idade ideal para iniciar o treino
de guarda, de acordo com o desenvolvimento cerebral do cão, é aos sete
ou oito meses, mas é melhor esperar pela maturidade emocional, com um
ano e meio ou dois, sempre praticando treinamento básico de obediência.
Vantagens - O cão de guarda, com o
maior porte e o mais alto grau de dominância, é o mais agressivo e
perigoso. Se o cão estiver bem socializado e obediente, o treino de
guarda será uma boa “pós-graduação”.
Cuidado! - O dono deve adquirir
total domínio do cão durante o treino de obediência; eventuais falhas
não serão “consertadas” pelo adestramento de guarda.
É arriscado treinar para guarda
cães que não tenham temperamento adequado, ou seja, cães de baixo
instinto protetor, covardes, tímidos, mal-humorados e muito agressivos.
E nunca deixe um cão preso o tempo
todo! Cães só se defendem fugindo ou atacando; se não puderem fugir,
terão o ataque como única saída. Se o cão realmente deve ficar
acorrentado, que seja próximo a um local onde possa abrigar, para
sentir-se mais seguro.
SOLUÇÃO PARA A AGRESSIVIDADE
- Cães que enfrentam o dono
Muitos cães não reconhecem a
autoridade do dono, ignorando seus comandos, rosnando e arreganhando os
dentes, mordendo-o e até lhe dando ordens (latindo para comer ou
passear, por exemplo). Talvez o dono ainda não tenha se imposto sobre o
cão; ambos devem então freqüentar um bom treino de obediência.
Lembre-se: resultados em cães adultos podem demorar semanas e até meses.
- Cão com medo do dono
É normal um cão sentir medo na
infância, especialmente da 7° à 11° semana de vida e do 6° mês a 1 ano e
2 meses (as “duas fases do medo”). Traumas durante a socialização podem
causar medos permanentes (por exemplo, o filhote que apanhava do
criador com jornal enrolado pode se amedrontar ao ver o dono segurando
um jornal). Outro causa pode ser grande timidez e submissão de nascença,
exigindo cuidado especial. E muitos cães se escondem do dono, mas medo
também representa perigo: pode despertar agressividade como defesa.
Traumas surgidos na primeira fase
dificilmente são removidos de vez; o cão pode ser treinado a conviver
com eles (sentando-se quando tiver medo, por exemplo).
- Cães que latem demais
Todos conhecemos cães barulhentos,
muitos até ameaçados de envenenamento por vizinhos. Tais cães costumam
ser os de maior instinto de guarda ou alarme, latindo para proteger a
casa do dono ou sua própria ninhada. Há outros motivos, como ansiedade,
isolamento, estímulos externos (provocação de estranhos, caminhões de
gás, etc.), medo ou tensão, desconforto (fome, sede ou doença) ou desejo
de chamar atenção.
Uma solução é a punição
despersonalizada, ou seja, de origem não identificável pelo cão (por
exemplo, quando late demais, arremessar um objeto barulhento para perto
dele ou jogar-lhe um jato d’água). A recompensa é dada quando ele permanecer em silêncio.
Não tente impedi-lo de latir
fazendo afagos ou dando petiscas, que ele interpreta como prêmio e
incentiva para latir! Nem grite com o cão; para ele, gritos soam como
latidos e o animam a latir ainda mais.
Fonte:
www.caes-e-cia.com.br
www.caes-e-cia.com.br
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