Gatos são inteligentes?
Revista Cães & Cia, n. 331, dezembro de 2006
É muito comum proprietários
de cães e de gatos tentarem argumentar a favor da inteligência do animal
predileto deles. Neste artigo, Alexandre Rossi descreve os principais
argumentos usados e procura explicar o que se conhece a respeito da
inteligência dos gatos e por que é tão complexo compará-la com a de
outras espécies
O ser humano é considerado - por nós, é claro - o animal mais
inteligente do planeta. Talvez por isso muita gente quer saber se este
ou aquele bicho é inteligente e se é mais ou menos inteligente que
outros. Por mais simples que a pergunta possa parecer, a resposta é
complexa e quase impossível de ser dada.
A maioria das pessoas sabe o que é inteligência, mas pouquíssimas
conseguem defini-la. A tarefa não é fácil até mesmo para quem estuda
psicologia. Mas, de maneira geral, a inteligência está relacionada a
algumas capacidades cerebrais (cognitivas) como memória, capacidade e
velocidade de processamento (respostas), insight, capacidade de observar
e relacionar, de aprender e de reter o aprendizado.
Gatos demonstram todas essas capacidades. São, portanto,
inteligentes. Mas, como ocorre com outros animais, alguns gatos são
muito mais inteligentes que outros. A inteligência do seu gato vai
depender da genética e da criação dele. Gatos filhos de pais
inteligentes tendem a ser mais inteligentes, assim como acontece com
gatos que foram corretamente alimentados e bastante estimulados,
principalmente quando filhotes e na juventude. Vamos agora para as
perguntas e argumentos dos proprietários de gatos.
O gato não se submete a ordens, por isso é mais inteligente
É verdade que obedecer não é necessariamente um sinal de inteligência. Mas não obedecer também não é. Cães possuem uma predisposição natural para mandar ou ser mandados, já que evoluíram por muito tempo como membros de um grupo em que a hierarquia era fundamental. Se não se submetessem ao líder, poderiam ser expulsos do grupo e até morrer de fome. Com os gatos a situação é bem diferente. São caçadores solitários natos.
Nunca dependeram de outros gatos para caçar suas presas. Não
precisavam, portanto, se submeter para sobreviver.
Conclusão: não devemos esperar que os gatos acatem ordens da mesma
maneira que os cães. Não por um ser mais inteligente que o outro, mas,
sim, porque um precisa constantemente da nossa aprovação, enquanto o
outro, não.
Meu gato sabe até onde o cão do vizinho alcança e se aproveita
Alguns gatos ficam deitados ou se limpam, relaxados, próximo a cães loucos para atacá-los, mas que não conseguem fazê-lo por causa de uma grade ou muro que impede a aproximação. Como o gato consegue saber exatamente até onde um cão consegue chegar e aproveitar-se disso? Ele tem excelente noção espacial além de ótima memória e é capaz de aprender diversas coisas por observação. Quando está relaxado sobre um muro e olha para o cão, descobre o comportamento do inimigo e até aonde este consegue chegar.
De tão esperto, tem um miado para cada situação
O gato também aprende a manipular seus donos! Proprietários que convivem intensamente com gatos percebem necessidades de seus felinos com bastante facilidade, a ponto de conseguir interpretar miados diferentes e associá-los a diferentes pedidos. O interessante é que essa comunicação se desenvolve à medida que o gato e o ser humano se conhecem melhor e aperfeiçoam a “linguagem”.
Deslocamento oculto e permanência de objetos
Existem diversos testes de inteligência que podem ser aplicados em animais. Dois deles, muito famosos, dizem respeito à capacidade de o animal e o ser humano (bebês e crianças) entenderem que um objeto, ao passar por trás de uma barreira, não desaparece - está simplesmente atrás de alguma coisa. Os gatos possuem essa capacidade, pois demonstram interesse em ir procurar o objeto atrás da barreira, assim que ele deixa de ser visível. Os cães também passam nesse teste.
Mas o gato se sai bem melhor que o cão no teste de deslocamento
oculto, no qual é avaliada a capacidade de prever onde um objeto em
movimento uniforme aparecerá após passar por trás de uma barreira. Isso é
feito pela observação da direção do olhar do animal enquanto uma
bolinha passa por trás de uma caixa de papelão, por exemplo. A maioria
dos gatos é aprovada no teste: consegue prever o contínuo deslocamento
do objeto, pois olha exatamente para o ponto onde a bolinha irá
aparecer. Já a maioria dos cães fica olhando para o local onde a bolinha
desapareceu...
Fonte:caocidadao.com.br
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