A catarata é uma doença oftálmica que pode atingir cães e gatos. Sendo assim, vou falar como ocorre a catarata no cão e no gato, explicando as suas principais consequências.
O que é a Catarata
A catarata
é a opacificação das fibras ou da cápsula da lente. Pode ser originária
de problemas congênitos, traumas, inflamações intra-oculares severas,
diabetes, intoxicação por naftaleno ou dinitrofenol, pelo processo de
envelhecimento (que deve ser diferenciado da esclerose da lente que
ocorre em torno dos 8 anos em todos os cães) ou por um defeito
hereditário recessivo, que é a causa mais comum.
A lente é uma
estrutura biconvexa e transparente que, em seu estado normal, atua
focalizando as imagens na retina, através do fenômeno conhecido como
acomodação visual. O poder de acomodação no cão é pouco desenvolvido,
cerca de 1 a 2 dioptrias (D), sendo que em um humano adulto jovem é
cerca de 10 D. Com a idade as pessoas vão perdendo a amplitude de
acomodação da lente, e aos 55 anos apresentam cerca de 1,5 D, ou seja,
quando a imagem está perto o poder de focalização é semelhante ao de um
cão.
Raças Predispostas para a Catarata
No cão, as principais raças predispostas ao desenvolvimento de catarata
hereditária são: Poodle, Cocker Spaniel Americano e Inglês, Schnauzer
miniatura, Golden e Labrador Retriever, West Highland White Terrier e
Afghan Hound.
Catarata em Gatos
A catarata em gatos ocorre com menos freqüência e está relacionada principalmente com o envelhecimento, inflamações intra-oculares ou diabetes.
Causas da Catarata
Independente
da causa da catarata quanto mais cedo for diagnosticada e tratada
melhores são os resultados, pois não é apenas uma opacificação que leva à
cegueira, é uma doença intra-ocular e deve ser tratada como tal.
Entretanto, mesmo proprietários extremamente cuidadosos não conseguem
perceber uma catarata inicial, pois o exame só é possível com a pupila
dilatada, nesse caso é recomendável que seja feito por um oftalmologista veterinário.
A catarata pode ser causada por inflamação intra-ocular
(uveíte), mas ela também causa inflamação quando as proteínas da lente
se soltam, principalmente nas cataratas maduras. A uveíte não controlada
causa dor e pode culminar em glaucoma, pois as células inflamatórias
obstruem o ângulo que drena o líquido de dentro do olho (humor aquoso).
Então imagine, é como se fosse uma “torneira aberta com o ralo
entupido”.
Figura 3: Cão com sinais de uveíte e glaucoma. Observe olho vermelho e edema de córnea.
Tratamento da Catarata
O tratamento da catarata
é exclusivamente cirúrgico. Não existem comprovações científicas de que
o tratamento clínico da catarata possa retardar o desenvolvimento da
catarata canina e nos demais animais. Como a cirurgia é realizada por
facoemulsificação (ultra-som) os melhores resultados são em cataratas
imaturas, ou seja, bem iniciais. Mas cataratas maduras também podem ser
operadas.
Outro ponto importante é que a catarata canina, não
raro, está acompanhada de atrofia progressiva de retina, principalmente
nas raças Poodle e Cocker. Por isso, sempre que o exame do fundo do olho
não seja possível é indicada uma eletroretinografia em pacientes
candidatos à cirurgia, pois se a retina está atrofiada, mesmo com a
remoção da catarata o paciente não volta a enxergar. Mas então, se a
retina está atrofiada a cirurgia não é indicada? Na verdade, como a
catarata é uma doença ela deve ser removida, pois as suas complicações
podem levar à perda do olho. A eletroretinografia serve para nos dar um
prognóstico, ou seja, quais as chances do animal voltar a enxergar
depois da cirurgia.
Prevenção
Não há como prevenir
o aparecimento da catarata, mas podemos diminuir a sua incidência não
reproduzindo animais afetados. As complicações sim podem ser prevenidas e
quanto antes diagnosticarmos a catarata melhor. É importante uma
avaliação oftálmica de rotina, principalmente nas raças predispostas.
Mas não esqueça que as demais raças e nossos queridos amigos
“vira-latas” não estão livres de alterações oftálmicas.
Fonte:oftalmologianimal.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário