E agora é hora de saber que quando um gato para de comer, diferente
do cão, não podemos esperar 3 dias para ver se ele volta a comer sozinho
e, então, levá-lo ao veterinário. Isso porque o gato pode desenvolver a
lipidose hepática, ou doença do fígado gorduroso, quando fica muito
tempo sem comer. E volto a dizer que “muito tempo”, para o gato, é de 2 a
3 dias.
Esta doença é, na verdade, mais um sinal clínico (sintoma) que uma
doença em si, visto que todas as doenças de gatos que levam à falta de
apetite podem levar à lipidose hepática. E como quase todas as doenças
que acometem os gatos levam à hiporexia (apetite diminuído) ou anorexia
(falta de apetite), a lipidose pode acompanhar a maioria das doenças
agravando-as.
Um gato com lipidose hepática, mesmo que ele “queira” comer, não
consegue, pois o pouco que come vomita. Inicia-se um ciclo vicioso,
pois a falta de alimento é a causa do problema, mas dar alimento leva à
emese (vômito). Claro, o animal fica fraco, perde peso e vai a óbito.
Um gato com lipidose deve ser internado para ficar sob cuidados
intensivos com fluidoterapia (soro) para tratamento da desidratação
e medicamentos anti-eméticos, pois é de fundamental importância
controlar o vômito para iniciar o quanto antes a principal parte do
tratamento: alimentação forçada. Esta é realizada de forma gradativa com
pequenas quantidades nos primeiros dias, aumentando e corrigindo as
necessidades calóricas diária conforme o peso de cada animal. A
alimentação é feita várias vezes ao dia, de hora em hora ou a cada meia
hora (ou mais ou menos conforme cada caso) e será através de sonda ou,
em casos menos graves, forçada na boca com uma seringa. Claro, outros
medicamentos fazem-se importantes no tratamento (como antibióticos,
reposição eletrólitos no soro, vitamina K, entre outros) e variam
conforme o quadro clínico. Cabe ao médico veterinário fazer o protocolo
ideal para seu paciente.
Descobrir o que levou o seu animal a desenvolver a lipidose hepática é
muito importante, embora, nem sempre possível. É importante investigar
outras doenças através de exames ou algum fator estressante como
mudanças no seu ambiente ou na sua rotina (pessoas ou animais novos na
casa, mudança de alimentação e, principalmente, viagens de seus
donos). O stress é uma causa muito comum da lipidose. Na maioria das
vezes, quando o dono do gato viaja, a pessoa que fica responsável pelo
animal não percebe que este está comendo pouco. Muitas vezes, o gato vai
até o potinho de comida e come alguma coisa. ISSO É MUITO IMPORTANTE:
SÓ PORQUE O GATO É VISTO COMENDO NO SEU PRATINHO NÃO SIGNIFICA QUE ESTÁ
COMENDO O SUFICIENTE!! Atendi vários pacientes felinos, cujo dono dizia
que o seu gato estava comendo, pouco, mas comia. A questão é que se
seu gato está comendo cinco, seis ou dez grãos de ração por dia é o
mesmo que “não estar comendo”, dadas as características fisiológicas de
um gato. Ou seja, se a quantidade de alimento ingerido é muito pequena, o
fígado pode desenvolver a lipidose, mobilizando as gorduras reservadas
para suprir a falta de alimento. Outro fator que predispõe à doença é a
obesidade.
Resumindo… É de extrema importância ter certeza que seu companheiro
gato esteja comendo a quantidade que costuma comer. Observse a presença
de fezes na caixa de areia, se está na freqüência de sempre (1 ou 2 ou
mais vezes ao dia,). Se você suspeitar que ele está sem apetite, perca
uns minutinhos ao lado dele, fazendo carinho enquanto come (ISSO É
MILAGROSO!!). Muitas vezes, só a carência faz o gato perder a vontade de
comer; pode acontecer de você ter estado muito ocupado com o trabalho
ou outra atividade e seu animalzinho ter sentido isso. Ofereça comidas
que ele goste, pois é melhor ele tomar um leitinho, comer uma carninha
ou um patê do que não comer nada! E se, mesmo assim, continuar sem comer
e, MUITO IMPORTANTE, SE ELE NÃO ESTIVER VOMITANDO; force um pouco de
ração úmida (comercial) numa seringa, pequenas quantidades com
intrevalos de tempo entre elas, depois veja se ele come sozinho. Para
forçar alimento com seringa, é importante não forçar na “goela”, pois
ele pode engasgar-se. Sempre deixe sua cabeça na posição anatômica
(normal, como ele anda, por exemplo) e não direcione para cima, como
costuma-se fazer para forçar comida; pois quando a cabeça fica para cima
(olhando para cima), a glote abre-se para o pulmão, fazendo com que o
alimento vá para o pulmão.
Portanto, ao forçar alimento para o seu gato,
tenha em mente esses cuidados básicos para não causar um problema ainda
maior. Coloque pequena quantidade dentro da boca, sobre a língua e
deixe que ele coma sozinho, dê tempo para ele comer.
Claro, essas tentativas de retorno ao apetite em casa deve ser
realizada por 1 dia. Se , no dia seguinte (no máximo), o gato não voltar
a comer normalmente (quantidade significativa de ração), leve-o para o
veterinário para que ele possa ajudar a descobrir a causa da
anorexia/hiporexia.
É importante lembrar que gato é diferente de cão e que 2 a 3 dias sem
comer (ou comendo menos) pode levar a conseqüências sérias na saúde
que, se tratadas tardiamente, podem ser irreversíveis e levar a óbito.
Fonte:carolcat's weblog
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