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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Gatos e Cistite



Síndrome Urológica Felina
INFORMAÇÕES GERAIS

A urolitíase felina , geralmente citada como Síndrome Urológica Felina , é uma patologia comum que ocorre com igual frequência em gatos de ambos os sexos . Um quadro característico dessa patologia é a tendência à formação de cálculos ao longo do trato urinário . Os cálculos , geralmente ocorrem na bexiga e variam de tamanho desde partículas arenosas à pequenas pedras.
A obstrução uretral é comum no macho e a cistite e a uretrite , em fêmeas. Os gatos machos são mais predispostos à obstrução uretral , devido à conformação da uretra , que é fina e estreita , enquanto as fêmeas, por terem a uretra curta e larga não são obstruídas , sendo o sintoma mais comum a cistite.
Um gato com urolitíase pode apresentar diversos sinais e sintomas clínicos , como hematúria , cistite , disúria , anúria , poliúria ,polaquiúria e obstrução . Gatos com obstrução podem vir à óbito , por consequência de acúmulo de três substâncias tóxicas de excreção no sangue , as quais a uréia , creatinina e fósforo.
Os animais acometidos podem se recuperar de um episódio inicial , mas geralmente apresentam recidiva do quadro.

ETIOLOGIA
 
A etiologia da urolitíase felina é complexa e multifatorial . Os felinos acometidos pela síndrome podem ser classificados em dois grupos principais , dos quais o primeiro é composto por pacientes em que o processo inflamatório das vias urinárias inferiores é resultante da presença de minerais (cristais e/ou cálculos ) , os quais promovem a irritação das mucosas da bexiga e uretra , e o segundo , onde os agentes infecciosos (bacterianos ou virais ) , neoplasias de bexiga e uretra , traumas e alterações neurogênicas , podem estar envolvidos no desenvolvimento da síndrome.
Sabe-se que a grande maioria dos felinos acometidos , enquadram-se no primeiro grupo.
Atualmente uma série de fatores predispõe certos indivíduos para a doença , dentre eles os mais importantes são os fatores nutricionais e os que causam redução na atividade física , a qual sempre diminui o consumo de água e a frequência de micção , predispondo a urolitíase.
Fatores redutores da atividade física , incluem : castração , confinamento , condições climáticas adversas , enfermidades e obesidade.


SINAIS e SINTOMAS
 
Os sinais clínicos associados à Síndrome Urológica são a hematúria , polaquiúria e disúria ou anúria.
A síndrome pode ser dividida em gatos com cistite e uretrite sem obstrução ao fluxo urinário, e gatos com obstrução uretral parcial ou completa . A presença da obstrução leva à tentativas crescentes de urinar, desconforto abdominal, lambedura do períneo e progressão até a depressão, coma e morte dentro de 48-72 horas, por insuficiência renal.
A obstrução uretral observada no macho e muito raramente , em fêmea , se deve ao acúmulo de cristais na uretra , tipicamente na extremidade do pênis , ou à nível das glândulas bulbo uretrais . O efeito da obstrução uretral é a redução e, eventualmente, a interrupção da filtragem glomerular, levando à um rápido acúmulo de metabólitos de excreção, como uréia, creatinina e fósforo ( azotemia pós renal) com consequências previsíveis de insuficiência renal e uremia, sendo esta a causa mortis mais importante entre os animais acometidos.



DIAGNÓSTICO e TRATAMENTO
 
O diagnóstico das urolitíases em gatos é baseado nos dados de anamnese e exame clínico , sendo importante a confirmação do mesmo através dos exames complementares como ultra-sonográfico e/ou radiográfico , bem como os exames laboratoriais , como urinálise e urocultura.
O exame radiográfico simples , normalmente é considerado suficiente para confirmação do diagnóstico pois na maioria dos casos , os cálculos são radiopacos. Quando se tratar de cálculos de urato de amônia, que apresentam características radiotransparentes , é necessário o uso de radiografia contrastada como a urografia excretora ou uretrocistografia.
Deve-se levar em conta o exame de urina , com especial atenção em relação ao pH urinário , à presença de eventuais cristais e bactérias , e a identificação dos mesmos. No diagnóstico das urolitíases torna-se imprescindível a identificação do tipo de cálculo para que medidas adequadas, em relação ao tratamento, sejam preconizadas.
O tratamento da urolitíase felina pode ser dividido entre o tratamento das duas entidades clínicas , ou seja , obstrução uretral e cistite. O tratamento da obstrução , se trata de uma emergência , devido ao risco do paciente vir a óbito , baseia-se no alívio da obstrução , correção dos efeitos sistêmicos da insuficiência renal e na prevenção da recidiva
A terapêutica emergencial baseia-se na sedação do animal e cateterização uretral para restabelecer o fluxo urinário, fazendo-se em seguida uma lavagem vesical com mucolíticos e solução fisiológica. Caso haja dificuldade para sondagem uretral, pode-se fazer a cistocentese.
A impossibilidade de aliviar a obstrução com medidas clínicas é uma indicação para a imediata intervenção cirúrgica.
Em recentes estudos , vários autores recomendam a preconização do tratamento não cirúrgico , com a dissolução dos cálculos através de dietas específicas evitando-se todos os riscos que envolvem o ato cirúrgico , e que tem demonstrado ser um excelente método para eliminação das cálculos , principalmente os de estruvita.
O tratamento da urolitíase apresenta variações e está na dependência do tipo do cálculo , tornando-se de fundamental importância a identificação da causa que acarretou a formação dos mesmos.
Em suma , o tratamento está dirigido tanto no sentido de destruição do cálculo quanto na prevenção de sua recidiva . Isto é realizado pela formação de uma urina diluída , de acordo com o tipo de cristal do cálculo . O tratamento específico apropriado não pode ser instituído sem o conhecimento do tipo de cálculo.
Cálculos como os de urato de amônia , oxalato de cálcio e fosfato de cálcio não possuem protocolos clínicos que promovem a dissolução dos mesmos , sendo a remoção cirúrgica , a maneira mais confiável de remoção desses cálculos do trato urinário.
Em casos de cálculos de estruvita , os componentes fundamentais na indução da dissolução são : a redução do pH urinário para aproximadamente 6,0 e a redução do magnésio urinário por meio do consumo de dietas com restrição de magnésio.
A administração de antibióticos de acordo com o antibiograma deve ser uma medida recomendada.
A preconização da dieta calculolítica tem como objetivo principal reduzir a concentração urinária de uréia, fósforo e magnésio, diminuindo assim , a disponibilidade de substrato para a formação do cálculo.
Os alimentos que podem ser recomendados no tratamento da dissolução dos cálculos de estruvita estão descritos no quadro abaixo. 

DIETA CASEIRA
450g carne de frango cozida
110g fígado cru ou cozido
1 xícara arroz cozido
1 colher das de chá óleo de cozinha
1 colher das de chá carbonato de cálcio
60 - 90 ml água
Misturar todos ingredientes
Rendimento : 800g
Fornecer : 110 à 230g / gato / dia

Fonte: Manual Merck de Medicina Veterinária
As dietas calculolíticas devem ser oferecidas por no mínimo dois meses e o acompanhamento do tratamento deve ser monitorizado através de exames radiográficos e urinálise , mantendo um pH < 6 , uréia <10mg/dl, e d < 1.020 , sendo a recidiva muito frequente.



Sergio Luís A. Pitarello
Médico Veterinário


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